BEIJO
BEIJO
Quero beijar-te amor como se fosse louco
e pudesse justificar o mundo no meu ato
plantando na tua boca sementes de infinito
que explodem num futuro presente imediato.
Sou um tubarão de fogo num mar de labaredas
à procura da presa para a incendiar
e o meu sangue é a lava dos vulcões do céu
que escorrem sobre a terra para a levantar.
Tenho os lábios da cor da pura incandescência
porque há rios de fogo a intumescê-los
e por mais que os minutos teimem em passar
só colando-me a ti eu consigo vencê-los.
A vida é tão curta e o tempo não para
e o fôlego que tenho para te beijar
é a única forma de escapar ao tempo
e torná-lo eterno sem o deturpar.
Quando o amante sente que os lábios se afastam
ou que não se queimam na aproximação
sabe que já tudo se perdeu nas horas
e que nada resta da antiga ilusão.
Mas eu vejo amor que tens a boca em chamas
e de pronto me abrasas na sofreguidão
de esticar o momento até à eternidade
sem matar o instante — só nele há paixão.