a geometria do meu velho coração
A geometria
do meu velho coração
tem todas as formas e extensões.
Começa numa reta que atravessa a ilusão
e vai muito além das constelações.
Possui uma curva onde existe a vertigem
e roça o grande círculo da intimidade.
Um quadrado perfeito protege a origem
dos cubos que formam a minha cidade.
Um triângulo em fogo traz-me a divindade
e também os três vértices da moralidade.
Os pontos colidem como eletrões
e dão energia às minhas paixões.
Tenho poliedros,
sólidos boleados,
lombas,
depressões,
planos desfocados,
curvas,
contracurvas,
corpos extasiados…
Tenho até montanhas que formam cadeias
com vulcões que escorrem para as minhas veias.
Figuras ambíguas saltam-me ao caminho
e as artérias só querem ser um remoinho.
Em todos os ângulos me quero imortal,
na perpendicular vejo a diagonal,
no núcleo mais puro sinto uma tangente
e do que é igual pretendo o diferente…
Encontro a razão
desta bomba animal
na contradição
— a constante final.